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Foto do escritorJose Edmar Gomes

Sobradinho teve mais inscrições e votos para o Conselho Regional de Cultura

Atualizado: 1 de nov. de 2020


Conselheiros de Cultura de Sobradinho
Conselho Regional de Cultura de Sobradinho

O novo Conselho Regional de Cultura de Sobradinho, juntamente com os conselheiros natos em reunião na Administração Regional de Sobradinho.


Sobradinho foi a Região Administrativa onde o maior número de agentes culturais (28), inscreveram-se para disputar uma vaga no Conselho Regional de Cultura (CRC), nas eleições digitais, realizadas pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do GDF e Conselho de Cultura, entre os dias 21 de setembro a 2 de outubro.


Em número de inscrições, Sobradinho ficou na frente do Plano Piloto (26), de sua coirmã Sobradinho II (15) e até da Ceilândia (17). Apurados os votos, a Cidade Serrana surpreendeu novamente, obtendo um total de 2395 votos, quantitativo proporcionalmente superior ao da Ceilândia, que tem mais de 500 mil habitantes, enquanto Sobradinho tem apenas cerca de 90 mil.


As eleições para os CRCs, triênio 2021/2024, tiveram 444 candidatos, enquanto em 2016 foram apenas 233, o que mostra um interesse crescente pelas atividades culturais e o esforço da comunidade artística.

Os CRCs integrarão o Conselho de Cultura do DF(CCDF), previsto na Lei Orgânica da Cultura (LOC), que é um órgão deliberativo com a missão de fortalecer o Sistema de Arte e Cultura do DF (SAC-DF), na construção coletiva das políticas públicas destinadas à cultura.


A Cidade Serrana elegeu os conselheiros Amélia Pinheiro, Camila Palatucci, Nayara Ohana, Regina Fonseca, Janilce Rodrigues, Dorival Brandão, Gasparzinho, Sander Ventura e Spock. Sobradinho II, que teve votação total de votos elegeu Anna Doni, Arádia Cabreira, Cristina Nascimento, Ivonete Ribeiro, Fernanda Araújo, Alex Júnior e Darley Azulim, Gustavo Alves e Jerry Gaspar.


Para saber a dinâmica dos trabalhos e a visão que os conselheiros têm da cultura local e do papel dos Conselhos Regionais de Sobradinho e de Sobradinho II, o jornalista José Edmar Gomes ouviu dois conselheiros de cada cidade e apresenta a opinião deles a seguir:


DORIVA

É preciso uma agenda cultural

Dorival Gomes Brandão Neto – o Doriva - eleito para o Conselho Regional de Cultura de Sobradinho, com 211 votos, traz um extenso cabedal de experiência na área cultural, tendo chegado ao cargo de subsecretário de Cultura do DF, experiência que lhe rendeu conhecimento da legislação do setor e capacidade na elaboração de projetos. Tal experiência foi testada com sucesso nos últimos grandes eventos realizados pela Associação Artise de Arte, Cultura e Acessibilidade, notadamente no Projeto Circuito Drive In nas Cidades, em andamento no Distrito Federal.


A primeira ação de Doriva, junto ao CRC de Sobradinho, será a implantação de uma agenda para os conselheiros e a comunidade, buscando dinamizar e fortalecer o setor. “É necessário que cada agente cultural saiba quais são as leis a que o setor está submetido e quais as possibilidades de captação de recursos, para que consigamos avançar com o Conselho na cidade. Mais do que isso, a população precisa saber que tem direitos culturais”, propõe.


Dorival esclarece que este trabalho tem que ser feito com transparência e participação, que se darão a partir de processos formativos. Para ele, Sobradinho tem uma peculiaridade que é a presença de toda a cadeia produtiva da cultura e, com ela, a solidez do processo cultural.


O conselheiro salienta que Sobradinho abriga pessoas da música, das artes plásticas, do artesanato...e uma série de pessoas do backstage, que muita gente esquece quando assiste a um espetáculo: são carregadores, sonoplastas, holding, iluminadores, técnicos de som e montadores, que constroem a cadeia produtiva da cultura.

“Precisamos desenvolver, a partir do Conselho, políticas públicas culturais que atendam a todos estes segmentos”, adverte.


Com relação ao Teatro de Sobradinho, que é subordinado à Secretaria de Educação, Doriva afirma que o CRC tem a felicidade de ter eleito a profª Janilce, uma arte-educadora que tem relação estreita com o pessoal da educação local.

Neste segmento, o conselheiro entende que é preciso repensar a utilização dos espaços culturais da cidade, “porque não existe educação sem cultura”. Para ele, cada escola e qualquer lugar onde existir um espaço de educação, deve ser também um espaço de cultura. O conselheiro diz que as duas áreas são como anjos: cada uma tem uma asa, mas para voar, uma tem que abraçar a outra.

Com relação às praças, que são muitas em Sobradinho, Doriva reconhece a importância delas e registra também a eleição do conselheiro Spock, promotor de batalhas de rimas, que já faz a ocupação das praças, com esta atividade.

Dorival assegura que cada praça é um espaço cultural em potencial e o CRC tem que incentivar a ocupação destes espaços públicos e buscar, junto à comunidade cultural, o que for necessário para sua ocupação.

“Certamente, esse novo CRC irá buscar alternativas para financiar a ocupação destes espaços”, finaliza o conselheiro Dorival Gomes Brandão Neto.


GASPARZINHO

Praças Culturais e Deck Norte

Eleito com 256 votos para o Conselho Regional de Cultura de Sobradinho, Vanderson Tomás de Oliveira – Ou Vanderson Lieone ou Gasparzinho – ambientalista, agitador social e cultural – com grande atuação comunitária – vê como grande oportunidade a diversidade cultural da Cidade Serrana.


Há, no entanto, segundo o ambientalista, a deficiência ou dificuldade na divulgação. “É preciso mais divulgação, pois existem raízes importantes, como o bumba meu boi; capoeira, samba; rock’n’roll; as vozes e violões dos barzinhos e movimentos que surgem e desaparecem, por falta de divulgação”.


Para Gaspar, Sobradinho ainda é uma cidade-dormitório, enquanto artistas demandam espaços para suas apresentações de música, artes plásticas e circenses. “Sobradinho precisa abrir espaços para seus importantes artistas, a fim de que superemos o provincianismo e avancemos rumo ao universalismo”, propõe.


As artes plásticas são uma importante vertente cultural da cultura serrana, segundo Gasparzinho, e é necessário valorizar a Galeria Veredas e os trabalhos de pintores e escultores pioneiros, como Thomas e Dolores Ritter, Arlindo, Toninho de Souza; assim como os grafitantes, num intercâmbio construtivo com a cidade irmã, Sobradinho II.


Vanderson ainda sugere a integração de Sobradinho, Planaltina, Paranoá, e Sobradinho II, no que ele chama de Movimento Deck Norte, devido à proximidade à identificação cultural destas cidades. “Elas devem se aproximar e fazer o caldeirão da cultura ferver”, sugere.


O conselheiro cultural Vanderson Gasparzinho tem um projeto muito claro para fomentar e aglutinar a prática cultural em Sobradinho: Praças culturais/Ocupação d’arte, que consiste na ocupação das várias praças da Cidade Serrana por apresentações de hip hop, reggae e batalhas de rimas.


“A ideia é ocupar a praça de manhã, antes das apresentações, e podar as árvores, consertar os parquinhos e bancos, pintar, grafitar...fazer o que for preciso para que estes espaços ganhem vida. No final do ano, teremos várias praças reformadas, prontas para uso da população e das crianças”, explica o conselheiro.


DARLEY AZULIM

O governo não investe em Sobradinho II

O Pastor Darley César de Jesus Cantilo – o Darley Azulim - também eleito por Sobradinho II, com 56 votos, também argumenta que a formação da cidade remonta a e que em apenas anos de existência não é possível um amadurecimento cultural capaz de conduzi-la a um patamar sólido no universo cultural e cobra do governo ações que tirem as manifestações do ostracismo.


“Estou envolvido com a cultura em Sobradinho II, há 29 anos, sempre do lado alternativo, porque o governo nunca investe na comunidade”, adverte o pastor.


Como um dos fundadores do Grupo Azulim, Darley tem experiência de sobra para falar da jovem cidade - que começou como assentamento para acolher os moradores de fundo de quintal de Sobradinho e cresceu rapidamente, sem a infraestrutura adequada e engoliu muita poeira - o que levou boa parte de sua juventude ao crime e às drogas, experiências também vividas pelo pastor.

Ligado ao Azulim, com três décadas de participação no meio social e cultural de Sobradinho II, Darley afirma que o grupo é o único que fomenta a cultura e provoca o governo, no bom sentido, como a Lei do Mrosc pede. “A gente já vinha provocando o governo, mesmo antes da lei existir”, garante.


Segundo o novo conselheiro, as bases de atuação do Azulim são os trabalhos com informática, música, teatro, dança terapêutica e terapia comunitária. Como conselheiro cultural, Darley defende o fomento da cultura local, a partir das bases que a comunidade já possui. Para ele, certas manifestações culturais precisam ser divulgadas e reconhecidas.

O conselheiro observa que, como cidade nova, os jovens de Sobradinho II, são o fio condutor da cultura, mas é preciso abrir espaço para todos que fazem arte. “Temos que tirar a galera que está fazendo cultura na penumbra e trazer para a luz, pra todo mundo ver”, defende.

Para Darley, o que está na penumbra é o teatro; manifestações de raiz africana; a música gospel, que tem enorme influência local; o galera do grafite; do rock do Setor de Mansões; desenho barroco e “outras ações e manifestações que existem na comunidade e não estão sendo vistas”.


ANNA DONI

Precisamos melhorar os grandes eventos

A cantora Anna Doni, eleita com, com 32 votos, para o Conselho Regional de Cultura de Sobradinho II, observa que a cultura em na cidade, que é filha de Sobradinho, é algo muito novo, ainda, mas está em evolução. Segundo ela, a discussão que a campanha para eleições dos conselheiros provocou foi muito interessante e despertou a cidade para a descoberta da cultura local, valor ignorado para a maioria das pessoas, até então.


“A cidade tem tudo para crescer no teatro, no desenho, no grafite, na música e com os DJs, as bordadeiras, as rendeiras e também no esporte. Todas essas áreas precisam ser conhecidas e valorizadas para que a cultura local seja fortalecida”, assegura a cantora.


Anna Doni tem uma visão ampliada da cultura. Para ela, todo “fazer”, transforma e engrandece o ser humano. “Cultura é tudo. Transforma as pessoas, traz alegria, esperança e melhora vidas. Daqui pra frente, vou viver uma nova realidade, como conselheira”, afirma.


Segundo Doni, os agentes culturais já produzem os eventos menores, no dia a dia, com suas habilidades e força de vontade. A cantora, no entanto, vê necessidade de melhorar grandes eventos, como aniversário da cidade, dia das crianças...”Para isso, precisamos de ajuda mais efetiva dos governos”, reivindica.


Cultura se aprende em qualquer lugar: na praça, no bar, na escola, no supermercado. “Certa vez, um laboratório contratou cantores e violonista para amenizar o estresse de quem tirava sangue, com música. O resultado foi positivo e as pessoas agradeciam”, exemplifica Anna Doni, observando que é preciso imaginação e habilidade para realizarmos certas coisas. “Mas se o governo ajudar, o resultado será mais abrangente”, garante a conselheira.

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