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Foto do escritorJose Edmar Gomes

Morre o sambista Nelson Sargento, aos 96 anos, em decorrência da covid-19


Nelson Sargento

Nelson Sargento morreu hoje (27) aos 96 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência da covid-19. Segundo a assessoria do artista e do INCA (Instituto Nacional do Câncer), a morte do sambista aconteceu por volta das 10h45 (horário de Brasília).

"Apesar de todos os esforços terapêuticos utilizados, o óbito ocorreu às 10:45 minutos dessa quinta-feira, 27 de maio de 2021. Nelson Matos era paciente do INCA desde 2005, quando foi diagnosticado e tratado câncer de próstata.


O corpo do cantor não será velado em razão da pandemia de coronavírus. Nelson Sargento será cremado em cerimônia restrito apenas a família. Sargento havia sido transferido para a UTI no último sábado (22) após testar positivo para a covid-19. O quadro de saúde dele era considerado grave. O cantor e compositor estava internado no INCA desde o dia 20, com um quadro de desidratação, anorexia e "significativa queda do estado geral", segundo o boletim médico divulgado nas redes sociais de Nelson.


Ele havia recebido as duas doses da vacina contra a covid-19 em fevereiro, no Rio de Janeiro. Um estudo da Vebra Covid-19 divulgado em 18 de maio aponta que a efetividade da vacina entre os que têm mais de 80 anos é menor que a eficácia global de 50,7% encontrada nos estudos do Instituto Butantan.


Nelson Sargento também era escritor, ator e artista plástico. Ele era o presidente de honra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.


Um dos principais nomes da cultura do samba e do Carnaval, Sargento compôs com reforço de Jamelão "Cântico à Natureza" (ou "Primavera"), samba-enredo da Mangueira em 1955 — ano em que a escola ficou em segundo lugar no Carnaval carioca. Nelson chegou à Mangueira com 18 anos, quando se integrou à ala dos compositores da escola, por onde desfilou ininterruptamente até o Carnaval de 2020. No Carnaval de 2019, quando a Mangueira conquistou seu último título com um enredo que enfocava personagens esquecidos pelos livros de história, Nelson desfilou representando Zumbi dos Palmares.


Nascido em 25 de julho de 1924, filho da empregada doméstica e lavadeira Rosa Maria da Conceição, Nelson foi criado no morro do Salgueiro, onde teve contato pela primeira vez com o samba. Desfilou, aos 10 anos de idade, na bateria da Azul e Branco — uma das três escolas que dariam origem, anos depois, à Acadêmicos do Salgueiro. Ao lado do padrinho, o compositor Alfredo Português, conviveu com Cartola, Nelson Cavaquinho e Geraldo Pereira. Aprendeu a tocar violão, passando a compor suas primeiras canções. O apelido que carregou praticamente a vida toda surgiu dos tempos de Exército, onde chegou à patente de sargento. Mas, com apenas quatro anos de caserna, Nelson pediu baixa e passando a compor suas primeiras canções. O apelido que carregou praticamente a vida toda surgiu dos tempos de Exército, onde chegou à patente de sargento. Mas, com apenas quatro anos de caserna, Nelson pediu baixa e passou a cerrar fileiras em outro tipo de grupamento: o dos mais inspirados compositores da história do samba carioca.


Ele integrou o seminal espetáculo "Rosa de Ouro", dirigido por Hermínio Bello de Carvalho e, ao lado de Zé Kéti, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro e Jair do Cavaquinho, formou o Voz do Morro, grupo que, nos anos 1960, desempenhou o fundamental papel de levar para o asfalto o samba criado nas favelas cariocas. Com alguns destes sambistas também participou do grupo Os Cinco Crioulos. Algumas das canções de maior sucesso de Sargento são "Ciúme Doentio" (em parceria com Cartola), "Encanto da Paisagem", "Deixa" e "Falso Amor Sincero" e "Agoniza, Mas Não Morre".


Nelson Sargento também desfilava seu talento pela pintura e pela literatura. Ele chegou a atuar em filmes, como "Orfeu do Carnaval" (1999), de Cacá Diegues, "O Primeiro Dia" (1998), de Walter Salles e Daniela Thomas, além da minissérie "Presença de Anita" (2001), na Rede Globo. Em 1997, um filme sobre Nelson ganhou dois Kikitos no Festival de Gramado, como melhor música e melhor montagem, pelo documentário "Nelson Sargento na Mangueira", de Estevão Ciabatta.


Matéria extraída do UOL, em São Paulo.

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