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Foto do escritorJosé Edmar Gomes

GILSON SENA

Repertório com sotaque brasiliense

O músico carioca/brasiliense Gílson Sena, gravou - ao lado do compositor e multi-instrumentista, Rafael Weby, que, desta vez, tocava cajón - show carregado de brasilidade e com “sotaque brasiliense”, na noite de 12 de abril.


A apresentação, gravada na sede da Chácara Mar Vermelho, no Núcleo Rural Sobradinho II, irá ao ar pelo canal da ARTISE, no YouTube (https://youtube.com/c/Artise), nas próximas semanas, como uma das atrações do Projeto ARTE NA PRAÇA DIGITAL, que segue até mês de junho.

Gílson, cuja família maranhense veio do Rio para o DF, reside em Planaltina e tem fortes ligações em Sobradinho, pois é sobrinho do saudoso mestre Teodoro Freire, do Bumba meu boi. Segundo o cantor, foi Teodoro quem trouxe toda a família de Bangu/Engenho Novo, zona oeste carioca, para o DF.


Sena acentua que a música brasileira tem muita qualidade e diversidade, por isso não vê necessidade de cantar em inglês. Mais do que isso: ele valorizou a “prata da casa”, começando o show com o belo samba O Filho do rei, de autoria de seu outro tio, João Sena, que reside em Sobradinho, e descreve o contraste da vida do filho do rico e do filho do pobre.


O refrão do samba repete: Se Deus me desse poder/Para mudar a situação/Todos iriam receber/Igual quantidade de pão.

Em seguida, interpretou Deus me proteja de mim, de Chico César, e voltou à cena musical do DF, cantando Minha vida (Minha vida, minha estrada é você), canção autoral, com que homenageia a esposa, Flávia Maria, que comanda o Maria Morena, espaço de resistência da arte planaltinense, que acolhe músicos, atores e artistas plásticos.

“Esta música fala de renascimento. Eu realmente renasci quando conheci a Flávia”, confessa o músico.

Sena, que já tocou em bandas de MPB/reggae e samba rock, explica que gosta mesmo é de misturar os ritmos e gêneros brasileiros/brasilienses com poesia.


Não foi à-toa que ele incluiu no repertório do show o reggae Doce, do compositor Vitor Godoi e os raps Bicho de sete cabeças (Eu penso em resistir um dia/na covardia/Eu penso em resistir só mais um dia/Desliga o nokia e olha pra cima/Cadê o messias?), que remete as questões sociais ao plano psicanalítico; e Pseudosocial (O estado vai encher vocês/com o máximo de m.../Seus olhos vão arder/ São muitos anos na caverna), que trata de inclusão, arte e drogas e outras questões polêmicas, do universo do rapper mineiro/brasiliense, Froid.


A busca existencial prosseguiu com Conheço meu lugar, de 1979, (O que é que eu posso fazer/com a minha Juventude/Quando a máxima saúde hoje/É pretender usar a voz); Paralelas (Como é perversa a juventude do meu coração/Que só entende o que é cruel e o que é paixão), do álbum Alucinação, de 1976; e Na hora do almoço (A gente se olha, se toca e se cala/E se desentende no instante em que fala); todas do provocativo e belo repertório do saudoso Belchior.


“Fiquei emocionado ao cantar Na hora do almoço, porque, às vezes, agente se abre com as pessoas da rua, enquanto as pessoas que mais amamos estão dentro da nossa casa”, observa Sena, ao comentar a canção do compositor cearense, que venceu o IV Festival da Canção Universitária, no Teatro João Caetano, em 1971, quando Belchior mudou-se para o Rio.


Para acompanhar este e outros shows, além das oficinas temático-culturais do projeto ARTE NA PRAÇA, acesse o canal da Artise no YouTube.

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