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Cérebro de músicos tem mais substância

Os músicos têm mais massa cinzenta em determinadas regiões do cérebro, revela um novo estudo.

As diferenças entre os cérebros de músicos profissionais, amadores e de não-músicos


Ao comparar o cérebro de músicos profissionais, amadores e não-músicos, os cientistas constataram diferenças na quantidade de massa cinzenta de determinadas regiões responsáveis pela audição, visão e controle motor. Os resultados do estudo foram publicados na edição de outubro do renomado Journal of Neuroscience.

"Os músicos são objetos prediletos da pesquisa do cérebro", afirma o Dr. Gaser, pois tocar um instrumento é algo que começa desde criança e exige muito da audição e da motricidade fina das pessoas. Uma das particularidades da música é que os músicos precisam transformar rapidamente as informações visuais — as notas musicais — em movimentos dos dedos.

A pesquisa dos doutores Gaser e Schlaug constatou que as diferenças da estrutura do cérebro dos três grupos estudados — músicos profissionais, músicos amadores e não-músicos — estão relacionadas à intensidade do treinamento musical. Quanto melhor treinado o músico, maior é a proporção de massa cinzenta. Como se sabe, a quantidade da massa cinzenta é determinante no grau de inteligência de um indivíduo.

Ressonância magnética para medir o cérebro

Os cientistas utilizaram a tomografia por ressonância magnética para obter representações visuais em três dimensões do cérebro. Para isto o Dr. Gaser desenvolveu um novo método de medição, inspirado na eletrotécnica e na morfometria, que permite estudar a transformação temporal da "paisagem cerebral".

As imagens obtidas permitem deduzir, por exemplo, que os instrumentistas utilizam muito mais a mão esquerda do que as pessoas que não tocam nenhum instrumento. A principal conclusão do estudo é que a prática constante de um instrumento influencia de forma positiva o desenvolvimento do cérebro.

Ao que tudo indica, o efeito do treinamento musical no cérebro é semelhante ao da prática de um esporte nos músculos, afirma o Dr. Gaser.

Talento musical é nato ou adquirido?

A partir desses primeiros resultados, os dois pesquisadores querem agora resolver um dos principais enigmas da música: descobrir se o cérebro dos músicos é diferente desde o nascimento, e por isso é que eles se tornam músicos, ou se as diferenças de estrutura cerebral se desenvolvem em função do treinamento musical.

A partir deste ano, eles começaram a estudar o cérebro de um grupo de crianças americanas entre 5 e 7 anos de idade. Os meninos serão acompanhados desde o início de sua educação musical, durante três anos. Eles estão divididos em três grupos: o primeiro aprende a tocar um instrumento, o segundo freqüenta um curso de música mas sem aprender um instrumento e o terceiro grupo só freqüenta as aulas de música da escola.

O desenvolvimento do cérebro dessas crianças será documentado em intervalos regulares, através de imagens de ressonância magnética e do método de morfometria aperfeiçoado pelo Dr. Gaser. Isto permite detectar qualquer pequena transformação ocorrida em regiões específicas do cérebro.

Os cientistas esperam assim fornecer uma resposta definitiva à questão: por que os cérebros do músico têm mais substância?

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