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Foto do escritorJose Edmar Gomes

ARTE NA PRAÇA VII

Grandes músicos eruditos vão tocar MPB

O Projeto ARTE NA PRAÇA -- que começou na noite de 17 de agosto, com a apresentação da Banda Sinfônica de Sobradinho e passeou pelo sertanejo, samba e rock -- apresenta neste sábado, 28 de setembro, no sétimo evento desta sétima temporada, dois mestres da música erudita/popular de Brasília.

 

E quando digo mestres, não é força de expressão. Os dois são formados em Música pela UnB. Participaram da criação do Clube do Choro e ensinam na Escola de Música de Brasília.

 

Fernando Machado, clarinetista, e Jaime Ernest Dias tiveram, também, atuações marcantes no Teatro Nacional Claúdio Santoro, em outros espaços nobres da Capital e do País e possuem uma extensa experiência internacional.

 

São estes dois gigantes da arte musical de Brasília que farão a festa na Praça das Artes Teodoro Freire de Sobradinho, a partir das 19h, apresentando a mais fina MPB, a partir de seu vasto conhecimento erudito.

 

A partir das 21h, porém, o clima musical muda totalmente. Quem subirá ao palco, neste horário, é o popularíssimo Tourinho dos Teclados e sua banda, que vão mandar muto forró e a tal da pisadinha.

 

Além dos shows musicais, a programação do ARTE NA PRAÇA oferece apresentações de dança do ventre, a cargo da professora Karol Thayná, no intervalo dos shows; parque infantil e praça de alimentação; além de exposições de artesanato e feira/brechó.

 

O ARTE NA PRAÇA é desenvolvido pela Associação ARTISE de Arte Cultura e Acessibilidade, há mais de seis anos, com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Administração Regional.

 

JAIME ERNEST DIAS


Violonista clássico, arranjador e compositor, Jaime Ernest Dias, participou, em 1975, da fundação do Clube do Choro de Brasília, primeira porta para sua entrada na música popular. Em seguida, foi premiado no Concurso Nacional de Música de Câmara, da Universidade de Brasília -UnB.

 

Licenciou-se em Música, na própria UnB e, em 1979, passou a compor o quadro docente da Escola de Música de Brasília, onde dá aulas de violão e música de câmara.

 

Nos anos 80, Jaime concentrou-se em formações camerísticas: integrou os grupos Corda Solta, Instrumental e Tal, o Trio Artesanal. Com a flautista Odette Ernest Dias (sua mãe) e a pianista Elza Kazuko Gushikem, fez concertos no Brasil, França e Espanha e gravou os álbuns Chorando Calado, Sarau Brasileiro, Sonatas de Bach e Modinhas Sem Palavras.

 

Fundou, com Henrique Cazes e Afonso Machado, a Orquestra de Cordas Brasileiras, que conquistou o Prêmio Sharp de melhor grupo e melhor disco de música instrumental, em 1989.

 

No início dos 90, excursionou, com o cavaquinista Henrique Cazes, pelo Brasil e pela Europa, onde se apresentou na Suíça, na França e na Suécia. Em 1991, criou a Orquestra de Violões de Brasília, da qual é diretor.

 

Em 1994, com o grupo Henrique Cazes e Família Violão, realizou concertos e masterclass sobre música brasileira no Carrefour Mondial de la Guitare, na Martinica.

 

Em 1999, lançou seu CD solo, Instrumental, em show na Sala Martins Penna, no Teatro Nacional Cláudio Santoro de Brasília, e no Teatro do Planetário, no Rio de Janeiro. Em abril de 2000, participou da prestigiada programação do SESC Instrumental Brasil, no SESC da Avenida Paulista, em São Paulo.

 

Nos anos seguintes, apresentou-se com a flautista Odette Ernest Dias, na Europa e nos Estados Unidos; gravou os CDs Paisagens Noturnas, com Odette Ernest Dias; Papo de Cordas, com o cavaquinista Evandro Barcellos, e À Moda Brasileira, com a Orquestra de Violões de Brasília.

 

A partir de 2002, formou o Corda Solta, com o violonista Matheus Caetano, e lançou o seu primeiro CD, no Clube do Choro de Brasília e no Espaço Cena. Em 2007, concertaram em Paris e Nancy, patrocinados pela Embaixada da França no Brasil.

 

Entre 2001 e 2005, integrou o corpo docente do Curso Internacional de Verão, do Centro de Ensino Profissional/Escola de Música de Brasília.

 

Já em 2009, participou do Projeto Cuerdas de La Integración, em Assunção, no Paraguai, em concerto solo.

 

Desde 2008, Jaime é diretor musical do Projeto Outras Bossas, patrocinado pelo Conjunto Cultural da Caixa Econômica, em Brasília.

 

IDENTIDADE MUSICAL DE BRASÍLIA

Jaime Ernest Dias fez a gentileza de responder, ao site da ARTISE, as perguntas a seguir, sobre o panorama histórico-musical brasiliense:  

 

-- Por favor, você que é oriundo da UnB e milita brilhantemente, há décadas, na cena musical de Brasília, faça uma avaliação da própria UnB, da Escola de Música, do Concerto Cabeças, da Sala Funarte, do Clube do Choro, e de outros espaços que tais, para a formação da identidade musical de Brasília....

-- Em relação à UnB, sinto muita falta dos Concertos que aconteciam, às quintas e aos sábados de manhã, pois, além do estímulo para que os alunos também tocassem, eram ponto de encontro produtivo de vários cursos.

 

No que diz respeito à Escola de Música, ela se confunde com a minha vida, desde 1974, quando cheguei a Brasília. A Escola tem um histórico de ascensão social de muita gente, através da música, que ainda precisa ser contado em sua real dimensão. Me considero altamente privilegiado por ter estudado e trabalhado lá, durante todos esses anos.

 

O Concerto Cabeças é o lado musical e poético de um movimento cultural muito mais amplo do que podemos imaginar. Reunia-se na Rampa Acústica do Parque da Cidade, que foi o ponto de encontro mais democrático que Brasília teve.

 Infelizmente, fecharam a rampa para anexá-la ao pavilhão de exposições, destruindo a memória de um movimento, que, dadas as circunstâncias, eu considero como um dos movimentos culturais mais importantes do Brasil.

 

A Sala Funarte, hoje, praticamente, sem função cultural, também foi palco de importantes projetos locais e nacionais.

 

O Clube do Choro segue a sua belíssima trajetória, tanto na produção de ótimos espetáculos, como na formação de músicos, através da Escola de Choro Rafael Rabello.

 

-- O que ficou para Brasília do rock dos anos 80/90?

-- Muita saudade e também referência para as novas gerações. De qualquer forma, (o rock de Brasília) segue vivo.

 

-- Por que o sertanejo universitário(?) tem tanto espaço entre os jovens daqui?

-- Acho que esse tipo de música tem apelo em qualquer lugar do País, principalmente nas capitais

 

-- Como você vê o papel da mídia na formação (ou deformação) de novas plateias para o consumo da produção cultural nacional?

-- Considero que a mídia é muito comprometida com determinados estilos, através dos famosos jabás – hoje, também digitais – e não divulgam nem a metade da riqueza musical do Brasil.

 

-- Você, que tem tanta experiência internacional, pode avaliar que ritmos brasileiros são mais apreciados no exterior. Seria o choro, o samba, a bossa, Villa-Lobos? Ou...

-- Esses são alguns dos ritmos mais conhecidos. Villa-Lobos é respeitado no mundo inteiro

 

-- Por que o nosso rock não vai além de Renato Russo e Cássia Eller? Eles são como Elvis Presley e os Beatles?

-- Não sou especialista, mas acho que o nosso rock (de Brasília) vai muito além desses dois expoentes.

  

FERNANDO MACHADO

 

Fernando Machado – o Fernando do Sax – é clarinetista e domina outros instrumentos de sopro. É licenciado em música pela UnB e concluiu   estudos com especialistas do naipe de William Mc Coll, José Botelho, Hector Costita, Roberto Sion e Ian Guest.

 

Ele já escreveu uma bela página profissional, que começa pela sua  atuação, como solista, na Orquestra Filarmônica de Goiás, executando os Concertos Nº 1 e Nº 2, de Weber; e na Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, ambos sob a regência do maestro Emílio César.

 

O nosso clarinetista, entre outras façanhas, pelo Brasil e pelo mundo, excursionou com o quarteto Domínio do Sax, pela Espanha, França, EUA e Turquia e, participou, em 2012, das comemorações dos 70 anos do escritor Jorge Amado, em Viena, Berlim e Tel Aviv.

 

ERUDITO E POPULAR

A presença de músico tão relevante em Sobradinho é uma excelente oportunidade para aprendermos algo sobre música e sobre o universo musical da Capital. Fernando, como professor da área, consegue explicar didaticamente a diferença entre o erudito e o popular.

 

Segundo ele, a música erudita remonta às grandes orquestras e a compositores como Bach, Beethoven, Brahms... Já a música popular vai de chorinho; samba e de outras manifestações, como tambor de crioula.

 

“Mas uma coisa pode se mesclar à outra e termos música erudita com sabor de popular e vice-versa,” observa o músico, perguntando: “Quem não conhece o tema da Quinta Sinfonia de Beethoven?: Tá, tá, tá/Tá, tá, tá (risos).

 

“O termo erudito tem a ver com o refinamento e a qualidade da música”, arremata o professor Fernando Machado

 

A música de câmara se refere ao número reduzido de músicos e ao espaço menor onde é feita a apresentação. “São duos e trios que se apresentam para plateias menores, de 20, 30 pessoas, em palácios, por exemplo,” esclarece.

 

Em Brasília, ele cita, como expoentes do gênero, o Quinteto Villa-Lobos, com cerca de 60 anos de atividade; o Quinteto de Cordas, com dois violinos, viola e violoncelo; e o Quinteto Sopro Clássico, com flauta, oboé, clarinete e fagote.

  

VITRINES MUSIC HALL

Fernado Machado também é repositório de boas histórias sobre a cena musical e a noite brasilienses. Ele conta que, em 15 de março de 1985, inaugurou-se, no Setor Hoteleiro Sul de Brasília, a Vitrines Music Hall, com capacidade para mil pessoas.

 

A casa foi concebida pelo empresário mineiro Dilmar de Tal, no embalo da virada política da vitória de Tancredo Neves, no tal Colégio Eleitoral, que escolhia o presidente da República, naqueles tempos.

 

O local era requintado e contava com orquestra de 12 músicos, a maioria vinda do Rio, incluindo ele; Nélson Faria, na guitarra; e Erivelto Silva, na bateria. Quem inaugurou o local foi ninguém menos do que Peri Ribeiro.

 

“Peri ficou conosco por dez dias e cantou muita bossa nova. Mas, a cada semana, vinha uma estrela. Wilson Simonal trouxe suas partituras. Tive o prazer de tocar com a Divina Elizeth Cardoso e outras estrelas da mesma grandeza da MPB”, relata o clarinetista.

 

“A Vitrine, infelizmente, teve que fechar as portas, a menos de dois meses depois de inaugurada. A frequência do público não atendeu às expectativas do proprietário, que acabou se endividando”, relembra Fernando, com saudades daqueles bons tempos.

 

OSWALDO MONTENEGRO

Outra história, que Fernando relembra, diz respeito a Oswaldo Montenegro, com quem tocou em 1988, no Palace, em São Paulo; e no Rio de Janeiro, em julho do mesmo ano, no lançamento de um disco do trovador brasiliense, para o Fantástico, da Rede Globo.

 

“Oswaldo, como não poderia deixar de ser, é muito profissional. Mas eu e o baixista Zambinha chegamos atrasados, cinco minutos, ao ensaio e tivemos que ouvir uma bronca daquelas”; relembra, ainda envergonhado.

 

Outra artista brasiliense que Fernando cita, com muito carinho, é Célia Porto, que, em 10 de outubro, vai participar de lançamento de um trabalho musical importante, no Sesc da 504 Sul.

 

Fernando avisa que, no show da Praça, neste sábado 28, ele e o violonista Jaime Ernest Dias vão tocar muto chorinho e MPB.

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